Não se pode esquecer que Ranílson Ramos, o novo Presidente do Tribunal de Contas do Estado, é um “arraesista” de carteirinha. Ramos foi deputado e secretário de agricultura do Estado na gestão de Eduardo Campos, por quem foi indicado para compor a Corte, logo sua visão é política e isso anda muito distante da defesa das boas práticas administrativas.
Na sua fala de posse, ao invés de prometer agir com rigor pelo cumprimento das leis, consideraras falhas diga-se de passagem, preferiu discursar para a plateia de velhos camaradas do PSB e partidos aliados, entre eles José Patriota que esteve no ato na condição de Presidente da Amupe.
“Preciso continuar denunciando as injustiças que aprofundam as desigualdades regionais”, disse Ranílson se referindo a pacto federativo, dando sinal de que sua gestão no TCE pode ser marcada pelo contemporização das práticas prejudiciais a administração pública.
Ranílson é, sem sombra de dúvidas, mais um aparelho instalado pelo PSB num órgão extremamente importante, mas não é o primeiro. Recentemente o Governador Paulo Câmara indicou o advogado Carlos Neves para o TCE e, curiosamente, o conselheiro, que foi o relator das contas da Saúde da prefeitura do Recife, julgou como regular [legal, normal etc.] a compra de respiradores para porcos com o dinheiro de enfrentamento a covid.
Faz pouco tempo que o Ministro do STF Roberto Barroso teceu críticas ao tribunal que teria dado o “ok” para que a gestão de Paulo Câmara usasse, de maneira indevida, do percentual dos 25% da receita resultante de impostos de que deve constitucionalmente ser aplicado na educação, para pagar aposentados e pensionistas do Estado. A prática irregular foi carimbada pelo TCE como legal.
Portanto, não é exagero enxergar que Ranílson comprometido com os gestores e suas práticas condenáveis, isso ficou evidente quando preparou o terreno ao expor um cenário que dificulta, segundo ele, fazer o certo e, assim, naturaliza o errado. É esperar para ver esta novela de roteiro previsível.