CategoriasAnálise

Judicialização do IOF detona crise e abre guerra declarada entre Lula e Congresso

A crise entre o governo Lula e o Congresso ganhou novo fôlego com a decisão do Planalto de recorrer ao STF para tentar reverter a derrubada do decreto que elevava o IOF. A atitude foi interpretada por deputados como afronta à autonomia do Legislativo, acirrando um clima de desconfiança que já vinha se formando. Para líderes como Gilberto Abramo, do Republicanos, Lula teria dado um “tiro no pé”, esticando a corda num momento em que precisava recompor pontes com o Parlamento.

Além da disputa sobre o mérito tributário, o gesto é visto como sinal de fragilidade política: a base governista não conseguiu sustentar o aumento na Câmara, mesmo com apoio de legendas de esquerda. Isso expôs a falta de articulação e abriu brecha para a oposição explorar o desgaste, acusando Lula de “caçar o bolso do povo”. Já o PSOL e parte do PT tentam enquadrar o tema como justiça fiscal, mirando a cobrança sobre super-ricos e operações pouco tributadas.

Nos bastidores, cresce o temor de retaliações. Líderes falam abertamente em clima de guerra, ameaça de travar votações e até boicotar outras pautas prioritárias do Planalto, como a MP do setor elétrico, o ajuste fiscal e a nova faixa de isenção do IR. Para parlamentares, levar a questão ao STF é perigoso, pois cria uma dependência do Judiciário e acentua a tensão entre os Poderes, afetando a já delicada governabilidade.

O vice-presidente Alckmin tenta acalmar os ânimos, mas a irritação no Congresso é latente. Se o governo não conseguir reabrir o diálogo, o episódio pode ser o estopim de uma relação ainda mais conflituosa, com impacto direto na agenda econômica. O líder José Guimarães promete sentar com Hugo Motta para destravar a pauta, mas até lá a base governista precisará costurar acordos que evitem um efeito dominó de derrotas e novos embates judiciais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *