Num movimento que diz muito sobre prioridades políticas, a bancada do PT na Alesp atua para barrar um projeto que garantiria carteirinhas estudantis digitais e gratuitas. A proposta, de autoria do deputado Tenente Coimbra (PL), ameaça o monopólio de entidades como a UNE, historicamente ligadas à esquerda, que lucram milhões com a emissão paga do documento.
Enquanto o discurso oficial fala em inconstitucionalidade e necessidade de “amplo debate com a estudantada”, nos bastidores o receio é outro: perder uma das últimas fontes de financiamento direto da militância estudantil. O que se vende como defesa do estudante, na prática, preserva uma engrenagem política consolidada há décadas.
Em 2020, a tentativa do governo Bolsonaro de criar a ID Estudantil gratuita foi desmobilizada pelo mesmo campo político. A resistência, revestida de argumentos técnicos, camuflava o incômodo com a quebra de um modelo lucrativo. O tempo passa, mas os interesses persistem — e nem sempre coincidem com os do estudante comum.
O projeto de gratuidade expõe um dilema incômodo: seria a meia-entrada um direito ou um negócio? A resposta talvez explique por que, sempre que se fala em romper esse esquema, o debate é desviado, e o estudante continua pagando.