O jornal O Estado de S. Paulo publicou, em seu editorial desta segunda-feira, uma análise crítica sobre a expansão do programa Pé-de-Meia, iniciativa do governo federal destinada a reduzir a evasão escolar no ensino médio. Originalmente projetado para atender 2,4 milhões de estudantes com um orçamento de R$ 7,1 bilhões, o programa foi ampliado para alcançar 4 milhões de alunos, elevando seu custo para R$ 12,5 bilhões anuais. Essa expansão ocorreu por meio de uma portaria do Ministério da Educação (MEC), sem uma avaliação prévia de sua efetividade ou garantia de recursos orçamentários adequados.
O editorial questiona os critérios que justificaram esse aumento significativo, especialmente considerando que a taxa de evasão no ensino médio é de 4% a 5%. Gabriel Corrêa, diretor de Políticas Públicas do Todos Pela Educação, expressou preocupação de que o programa tenha se tornado “muito amplo e muito caro”, colocando em dúvida se os recursos estão sendo direcionados aos jovens que realmente necessitam. Além disso, foram identificadas inconsistências nos dados, com algumas cidades registrando um número de beneficiários superior ao de matriculados.
O editorial também destaca problemas na estruturação do Pé-de-Meia. Inicialmente criado fora do orçamento oficial, os pagamentos foram realizados por meio de um fundo privado administrado pela Caixa Econômica Federal, o que levou o Tribunal de Contas da União (TCU) a intervir e suspender essa prática. Embora o orçamento de 2025 tenha passado a incluir o programa, a previsão de apenas R$ 1 bilhão indica que o governo poderá necessitar de créditos suplementares ao longo do ano para cobrir os custos.
Em meio a uma queda na popularidade e já em campanha pela reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem promovido o Pé-de-Meia como uma de suas principais vitrines eleitorais. O editorial conclui que essa expansão sem o devido planejamento e controle orçamentário reflete uma gestão irresponsável, cujos custos recaem sobre a sociedade.