A Serra Talhada de verdade não é bem a que é capturada pelas lentes da agência de publicidade da Prefeitura do município, ela é bem mais real e não tem películas nem fundo musical. A Serra Talhada é a da buraqueira no pavimento, um câncer deixado pela gestão Luciano Duque, com crateras em todos os lugares, mas com ares de abandono mais acentuados no Vila Bela e no IPSEP.
Quem nos conhece somente pela peças publicitárias da gestão, quase sempre apelando para o lado melodramático, jamais verá como a cidade é na vida real, longe dos cortes, edições e etc. No mundo real, a cidade tem bem no seu coração um estádio abandonado, tendo inclusive sido matéria na imprensa a nível nacional, pois nos ultimas 9, quase 10 anos, pouco ou quase nada se fez pela manutenção e revitalização da praça esportiva. O que se ouviu foram as velhas promessas desacompanhadas de ações. Do Poder Legislativo? O silêncio conivente! Entre os cumplices, dois vereadores que militaram no mundo do futebol.
Na cidade que arrecada milhões de taxas e impostos municipais, equipamentos são abandonados porque as gestões penduram suas promessas e ações em emendas impositivas de deputados, umas demoram e outras nunca chegam, foram, como as peças publicitárias, tão somente elementos para a pirotecnia e a falácia. Uma narrativa enfadonha que a esta altura só convence aos tolos ou subalternos. Em Afogados da Ingazeira, uma cidade menor, com arrecadação muito inferior, o governo municipal fez no Estádio Vianão um gramado elogiado por grandes equipes do futebol do País e uma iluminação “pau a pau” com a da Arena Pernambuco. Sem mi mi mi, sem promessas vazias e discursos insossos. Foram lá e fizeram e “zé finin”.
A Serra Talhada de verdade não é a dos abraços e de falas ensaiadas, não! É dos esgotos correndo no meio da rua no Mutirão, das ruas devastadas pelas chuvas na Cohab e Tancredo Neves. É a cidade do asfalto farofa, dos calçamentos que afundam nas primeiras enxurradas, dos postos de saúde sem médicos, da falta de medicamentos, mas que gastou em 2020 mais de 65 milhões de reais com o enfrentamento a covid-19. Dá pra acreditar?
A Serra Talhada é essa, da prefeitura abarrotada de “aspones”, cheia de apadrinhados e apaniguados. Topetada de secretários longevos, velhos, cansados e verdadeiros donos de suas cadeiras. A gestão é lotada de gente para angariar votos, muito distante, anos-luz, na hora de devolver seus salários – muitos deles bem gordos – por meio de serviços para o munícipe. O povo elegeu populistas, falaciosos, políticos que se preocupam somente com discursos, que começam e não terminam obras, que empurram com a barriga, que fazem sangrar as economias do município com suas incompetências convenientes.
Criou-se um circulo vicioso. O povo abraços e passa a mão na cabeça de governantes incompetentes, os reelegem e elegem seus sucessos, eles – por sua vez, mantém seus modelos, eficientes nos aspectos econômicos e eleitorais, mesmo que sejam trágicos no âmbito da administração pública. Neste loop infinito, gastaremos energia não construindo a cidade de verdade, com o padrão que merece, como ocorre em Petrolina, por exemplo, mas sim veremos nossas forças de esvaírem na luta colossal para rebater as falácias e o faz de conta que querem vender como de uma super gestão.
Maciel Rodrigues