Quem acompanhou a ralação entre Marília Arraes e Luciano Duque nos tempos em que ela fazia parte dos quadros do PT, jamais poderia imaginar a coisa ficasse tão azeda quanto agora. Aliás, na entrevista de hoje a Rádio Folha Duque comparou o tratamento recebido ao mesmo que Marilia recebeu do PT, que culminaria mais tarde com a saída de ambos da legenda.
O fato é que o Solidariedade em nenhum momento mostrou qualquer interesse pela disputa em Serra Talhada, menos ainda que fosse Duque candidato a prefeito. Quando o palanque da adversária de Luciano oficializou aliança com o Avante de Sebastião Oliveira, o partido de Marília lá estava representado pelo presidente do diretório local, o médico Waldir Tenório.
Marilia ficou em silêncio, mas foi um silêncio, como diz o adágio, ensurdecedor. Dava para captar que algo não estava bem, que Luciano Duque já não gozava de prestígio e nem mesmo após apelar para gratidão por ter apoiado a neta de Arraes quando ela era escorraçada pela ala de Humberto no PT, surtiu efeito. Marília se mostrou indiferente.
O distanciamento com Duque, que tentou flertar com o governo de Raquel Lyra, e a consequente aproximação com Sebastião Oliveira, que foi seu vice na chapa derrotada em 2022 desenhava que poderíamos ter um final dramático, mas não assim com requentes de crueldade. Com o amigo levando o seu Avante para base de Márcia crescia o barulho de que o Solidariedade, partido ao qual Duque está filiado e pelo qual pleiteou ser candidato nestas eleições, iria também aderir ao projeto da atual prefeita.
O anúncio oficial ainda não foi feito, mas tudo indica que seja na manhã do próximo sábado (1) em coletiva de imprensa já convocada pelo diretório municipal. É tão certo que assim será, que já tem ato político da prefeita com a presença garantida de Marília.
Restou a Duque o que sempre se mostrou de fato ser possível: apoiar algum companheiro, quem sabe o filho Miguel Duque, para enfrentar a ex-afiliada política. Não se sabe se Luciano confiou que poderia reverter sua situação com Marília ou se faltou coragem para romper, perder dois anos de mandato, mas, a esta altura, estar filiado a outra legenda e candidatíssimo a prefeito.
Duque finalmente aceitou a dura realidade que já estava desenhada. Ele disse na entrevista de hoje que deve romper com Marilia, tão logo ela oficialize a aproximação com aqueles que ele chamou de seus algozes: “na hora que ela (Marília Arraes) tomar a decisão, no dia 1º, aí tem ruptura, a relação estará estremecida e eu vou tomar o meu caminho. No dia 1º, quando ela se juntar com seus algozes, vou debater Serra Talhada e vamos lançar um candidato”, avisou Luciano Duque.