Em editorial recente, a revista britânica The Economist apontou que o governo Lula adota uma postura que afasta o Brasil das democracias ocidentais. A publicação destacou a nota do Itamaraty condenando com veemência o ataque dos EUA a instalações nucleares no Irã, o que, segundo o texto, contradiz o posicionamento de aliados tradicionais que apoiaram ou relativizaram a ação.
A análise enfatiza ainda o fortalecimento dos laços do Brasil com o Irã dentro do Brics, bloco que hoje inclui nações como China e Rússia. O editorial observa que essa aliança pode transformar uma plataforma de influência global em um fator de isolamento, já que o país passa a ser visto como hostil pelo Ocidente. O tema ganha relevância com a cúpula do Brics marcada para julho, no Rio de Janeiro.
Especialistas citados pela The Economist alertam que essa guinada ameaça a imagem de neutralidade que o Brasil cultiva. Para o professor Matias Spektor, da FGV, o fortalecimento da China e da Rússia no bloco dificulta manter o discurso de não alinhamento, podendo gerar impactos nas relações comerciais e diplomáticas com parceiros históricos na Europa e nos EUA.