Uma contratação feita pelo Ministério do Trabalho reacendeu críticas sobre o uso de recursos públicos para beneficiar aliados políticos do presidente Lula. Segundo matéria publicada pelo Estadão, o governo federal firmou um convênio no valor de R$ 15,8 milhões com a Unisol Brasil — uma ONG diretamente ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reduto histórico do petismo em São Bernardo do Campo (SP). O objetivo declarado seria a retirada de lixo da terra indígena Yanomami, em Roraima.
O contrato foi viabilizado pela Secretaria de Economia Popular e Solidária, hoje sob comando de Gilberto Carvalho (PT), ex-ministro e figura-chave do núcleo ideológico do governo. Carvalho é apontado como um dos mais influentes conselheiros de Lula, o que levanta suspeitas sobre a real motivação da escolha da entidade.
A Unisol Brasil, presidida por Arildo Lopes, recusou qualquer tentativa de diálogo com a reportagem do Estadão. Nem o presidente da ONG, nem outros dirigentes procurados se dispuseram a explicar detalhes do projeto, tampouco os critérios técnicos ou logísticos que justificariam o valor milionário da parceria.
Críticos apontam que essa contratação reforça um padrão já conhecido nos governos do PT: o uso da máquina pública para sustentar organizações e movimentos alinhados ideologicamente ao partido, em detrimento da impessoalidade e da transparência exigidas na administração pública. Além disso, chama atenção a opção por uma ONG sem histórico de atuação em comunidades indígenas ou gestão de resíduos sólidos em territórios remotos, o que torna ainda mais nebulosa a justificativa do contrato.
Em um momento em que o governo cobra “responsabilidade fiscal” e aumento de arrecadação, casos como esse mostram o quanto o discurso esbarra em práticas antigas: aparelhamento, clientelismo e favorecimento político. Enquanto a crise humanitária dos Yanomami exige soluções técnicas, eficientes e urgentes, o governo Lula parece mais preocupado em alimentar seu ecossistema de aliados.