Preparem seus olhos (e seus corações patrióticos): a Seleção Brasileira irá vestir vermelho na Copa do Mundo de 2026. Não, você não leu errado e tampouco caiu em uma pegadinha de 1º de abril. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aprovou — no melhor estilo “deixa que depois a gente vê” — um novo modelo de uniforme, agora predominantemente vermelho, para o Mundial que será disputado nos Estados Unidos, México e Canadá.
A mudança é histórica. Em toda sua trajetória, a Seleção jamais desfilou em campo nas cores de nossos rivais mais tradicionais. O padrão sempre foi o amarelo ensolarado, o azul celestial ou o branco básico. Mas, em 2026, o torcedor brasileiro terá a chance única de sentir na pele a emoção de torcer para… outro time.
E não para por aí: a tradicional vírgula da Nike será substituída pelo logo da Jordan — sim, aquele da lenda do basquete Michael Jordan, porque nada representa mais o futebol brasileiro do que um astro da NBA. Afinal, se é para misturar tudo, por que não?
Problemas de “cartório”
O detalhe curioso — ou constrangedor, dependendo da leitura — é que o estatuto da própria CBF impede essa ousadia fashion. Segundo o Capítulo 3, Artigo 13, Inciso III do documento oficial, os uniformes devem respeitar as cores da bandeira da CBF: verde, amarelo, azul e branco. Vermelho? Nem sombra. Nem no rodapé em letras miúdas.
Para essa inovação cromática ser legalizada, seria necessário alterar o estatuto — o que, convenhamos, é apenas um pequeno detalhe burocrático. Entre redesenhar as bases da entidade e agradar aos patrocinadores e tendências de mercado, já sabemos para onde a balança costuma pender.
A CBF, fiel à sua tradição de comunicação cristalina, declarou que “não confirma” a informação sobre a camisa vermelha. A Nike, em uma jogada de mestre da diplomacia corporativa, preferiu não comentar. E enquanto isso, os torcedores já se perguntam: a gente canta “Amarelinha” ou reescreve o hino para a “Vermelhinha”?
A exceção que confirma a bagunça
A única brecha prevista no estatuto é a permissão para uniformes comemorativos em outras cores — como aconteceu em 2024, no amistoso contra a Espanha, com uma camisa preta em protesto contra o racismo. Porém, usar vermelho como segunda camisa em uma Copa do Mundo inteira parece um pouco além daquilo que se pode chamar de “ação especial”. Mas quem somos nós para duvidar da criatividade jurídica da CBF?
O lançamento oficial da nova coleção está previsto para março de 2026, na última Data Fifa antes da convocação final. Até lá, talvez o estatuto já tenha sofrido o mesmo tipo de ajuste elástico que se aplicou às normas do “fair play” no futebol mundial.
Conclusão: reinventando tradições
Se a camisa é bonita ou feia, se combina ou não combina, fica a cargo do gosto de cada um. Mas que a mudança é um prato cheio para o sarcasmo, isso é inegável. Afinal, poucos países no mundo conseguem transformar uma Copa em laboratório de marketing e debates estatutários como o Brasil.
Entre mortos, feridos e estatutos ignorados, resta a pergunta que não quer calar: depois do vermelho, qual será a próxima inovação? Seleção jogando de roxo neon para chamar a atenção no TikTok? No ritmo que vamos, tudo é possível.