A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada por Alexandre de Moraes, virou um problema dentro do próprio Supremo Tribunal Federal. Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a decisão provocou ruídos graves num momento em que a Corte já enfrenta forte ataque dos Estados Unidos e precisa preservar coesão interna. A crítica é que Moraes agiu de forma contraditória: liberou Bolsonaro para falar e depois mandou prendê-lo… por falar.
A medida, vista como um erro técnico e político, racha a narrativa de união em defesa da soberania brasileira frente ao tarifaço de Trump e esvazia o apoio antes majoritário à atuação do STF. A jornalista relata que empresários, juristas e diplomatas que até então viam Trump como chantagista e Bolsonaro como traidor da pátria, agora voltaram seus canhões contra o Supremo. O vento, que soprava a favor, mudou de direção.
Há quem espere que Moraes recue, mas ele não é exatamente conhecido por ceder. A aposta no bastidor é de que, se insistir na decisão, poderá ser desautorizado pelos colegas da Primeira Turma – algo raro, mas não impossível. A conta política da prisão, diz um magistrado ouvido por Bergamo, começou a cair no colo do STF. E, se continuar assim, não é Trump quem sairá fortalecido, mas o discurso de perseguição alimentado por Bolsonaro.