A Câmara dos Deputados deu um duro recado ao governo Lula ao aprovar, com 383 votos, a derrubada do decreto presidencial que aumentava o IOF. O que surpreendeu foi o peso das siglas aliadas: partidos que comandam ministérios no governo responderam por 63% dos votos a favor da revogação, revelando fissuras na base e a dificuldade do Planalto em manter sua articulação.
União Brasil, PP, MDB e PDT praticamente fecharam questão contra o decreto, enquanto PSD e PSB também aderiram majoritariamente. A votação foi conduzida com agilidade por Hugo Motta (Republicanos), em ação alinhada com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que garantiu a confirmação da derrota do Executivo também na outra Casa.
Com relatoria do PL, partido de Bolsonaro, o projeto simboliza mais do que discordância fiscal: trata-se de uma afronta política ao governo, especialmente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. No PT, apenas Rui Falcão votou com a oposição — e ainda alegou erro. A base aliada, mesmo com cargos, começa a dar sinais claros de independência.