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Fraude bilionária no INSS: investigação da PF apura R$ 6 bilhões em empréstimos consignados não autorizados

A Polícia Federal (PF) ampliou as investigações sobre o escândalo conhecido como “farra do INSS” e passou a apurar empréstimos consignados suspeitos, realizados sem autorização de aposentados e pensionistas. A nova frente da investigação aponta que parte dos valores liberados via Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode ter sido desviada por meio de fraudes em operações de crédito.

De acordo com uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), mais de 35 mil beneficiários relataram em 2023 terem recebido valores indevidos em suas contas, referentes a empréstimos que não solicitaram. Mesmo sem consentimento, os valores começaram a ser descontados diretamente dos benefícios mensais.

No total, os empréstimos consignados movimentaram R$ 90 bilhões apenas em 2023. A fraude sob apuração direta da PF gira em torno de R$ 6 bilhões, em cobranças indevidas. Segundo dados divulgados pela jornalista Daniela Lima, da GloboNews, a suspeita é de que o golpe foi sistemático e de grande alcance.

A investigação aponta ainda um possível elo entre empresas envolvidas nas cobranças indevidas de mensalidades associativas — que deram origem ao escândalo — e operadoras de crédito que realizaram os empréstimos irregulares. Quebras de sigilo bancário mostraram que empresas que cobravam associações não autorizadas realizaram pagamentos diretos a instituições financeiras envolvidas na concessão de consignados, o que levanta a hipótese de cooptação coordenada de vítimas.

O escândalo provocou mudanças no alto escalão da Previdência. O então ministro Carlos Lupi (PDT) pediu demissão no dia 2 de maio, sendo substituído por Wolney Queiroz, também do PDT. Antes disso, em 23 de abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, após o caso vir a público.

Além do INSS, o relatório do TCU também aponta responsabilidades da Dataprev, empresa estatal responsável pelo processamento dos dados previdenciários.

A investigação segue em curso e deve aprofundar a análise das operações financeiras realizadas em nome dos beneficiários, com foco na identificação de fraudes estruturadas.

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