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Adeus a Francisco: a despedida do papa que escolheu os pobres como caminho da Igreja

O mundo se despede de um dos líderes religiosos mais emblemáticos da era contemporânea. Morreu, aos 88 anos, o papa Francisco — nascido Jorge Mario Bergoglio —, primeiro pontífice latino-americano e jesuíta a ocupar o Trono de Pedro. A notícia foi confirmada pelo Vaticano na manhã desta segunda-feira, em comunicado emocionado do cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé: “Com gratidão e pesar, confiamos a alma do Santo Padre à misericórdia de Deus”.

Francisco, que há anos vinha enfrentando uma série de problemas respiratórios, passou seus últimos dias entre cuidados médicos intensivos e orações vindas dos quatro cantos do planeta. Ele havia sido internado pela última vez em fevereiro, com um quadro severo de bronquite, agravado por infecção nos pulmões e insuficiência renal leve. Entre idas e vindas ao hospital Gemelli, gravou um áudio de agradecimento aos fiéis pelas preces, mas seu estado de saúde permaneceu frágil até o fim.

Um papado de gestos simples e mudanças profundas

Francisco assumiu o comando da Igreja Católica em março de 2013, após a histórica renúncia de Bento XVI. Escolheu seu nome em homenagem a São Francisco de Assis, símbolo da humildade e da opção pelos pobres — e levou esse espírito para o coração do Vaticano. Em vez de luxo, preferiu viver em uma residência simples. Em vez de discursos frios, falou com ternura e contundência sobre desigualdade, migração, mudança climática e acolhimento.

Seu pontificado marcou uma virada no tom e na postura da Igreja: aproximou-se dos marginalizados, defendeu os direitos dos imigrantes, alertou para os perigos do consumismo e buscou diálogo com outras religiões. Não sem resistências internas, Francisco iniciou reformas importantes na estrutura administrativa da Santa Sé e foi um dos principais articuladores do Sínodo da Amazônia, que ampliou vozes e preocupações do Sul Global dentro da Igreja.

Da dor ao rito: os próximos passos do Vaticano

Com a morte do papa, a Igreja entra oficialmente no período conhecido como Sé Vacante, quando o Trono de Pedro permanece vazio até a eleição de um novo sucessor. Durante esse intervalo, a condução da Igreja é feita pelo camerlengo, que já iniciou os primeiros protocolos previstos para essa transição.

Entre eles está a retirada e destruição do “Anel do Pescador” — símbolo da autoridade papal —, o fechamento e lacre do quarto de Francisco e a organização do funeral. A missa de corpo presente será celebrada na Basílica de São Pedro, onde os fiéis poderão prestar suas últimas homenagens. Francisco, no entanto, pediu algo inédito: será sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, um gesto simbólico de proximidade com o povo simples de Roma.

O luto oficial durará nove dias, em um ritual conhecido como novendiales, marcado por missas diárias. Após esse período, o Colégio dos Cardeais se reunirá para definir a data do Conclave — o processo de escolha do novo papa. Dos 252 cardeais vivos, 138 estão aptos a votar, por terem menos de 80 anos.

Fumaça branca à vista?

Na Capela Sistina, cardeais do mundo inteiro se reunirão em segredo para as votações que decidirão quem guiará a Igreja Católica a partir de agora. A tradição da fumaça continua: preta, enquanto não há consenso; branca, quando o novo papa é escolhido. E quando ela surgir, o mundo ouvirá mais uma vez: Habemus Papam.

Até lá, os olhos e os corações de milhões de católicos se voltam para o legado deixado por Francisco. Um papa que escolheu andar descalço onde antes se caminhava com sapatos de ouro. Um papa que preferiu ouvir o clamor dos pobres ao invés dos aplausos dos palácios. Um pastor que, agora, volta à casa do Pai — deixando atrás de si uma trilha de fé, simplicidade e transformação.

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