A recente aprovação de um aumento salarial de 76,5% para a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado, elevando sua remuneração de R$ 17 mil para R$ 30 mil, tem gerado indignação e perplexidade. Essa decisão torna-se ainda mais questionável quando comparada aos salários de prefeitos de capitais brasileiras e ao contexto socioeconômico local.
Comparação com Capitais Brasileiras
Serra Talhada, com uma população de aproximadamente 92 mil habitantes, verá sua prefeita receber um salário próximo ao de prefeitos de grandes capitais. Por exemplo, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, lidera a lista com R$ 38.039,38, seguido por Topazio Neto, de Florianópolis, com R$ 35.823,60, e Eduardo Paes, do Rio de Janeiro, com R$ 35.608,27. É importante notar que essas capitais possuem populações e orçamentos significativamente superiores aos de Serra Talhada.
Discrepância Econômica e Social
O Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Serra Talhada é de R$ 19,4 mil, abaixo da média estadual de R$ 22,8 mil. Além disso, a remuneração média dos trabalhadores formais no município é de R$ 2,1 mil, inferior à média do estado, que é de R$ 2,8 mil. Essa realidade econômica contrasta fortemente com o novo salário da prefeita, que será aproximadamente 14 vezes maior que a renda média dos trabalhadores locais.
Impacto na Percepção Pública
A aprovação desse reajuste em regime de urgência, durante o recesso parlamentar, sem ampla discussão com a sociedade, levanta sérias questões sobre a sensibilidade da gestão municipal às condições econômicas de sua população. Em um momento em que os cidadãos enfrentam desafios econômicos significativos, a decisão de aumentar substancialmente os salários dos principais gestores municipais pode ser vista como insensível e desconectada da realidade local.
A medida adotada pela Câmara Municipal de Serra Talhada, ao aprovar um aumento salarial tão expressivo para a prefeita e outros membros do executivo municipal, é, no mínimo, audaciosa e aviltante. Em um município com indicadores econômicos modestos e desafios sociais evidentes, decisões como essa reforçam a percepção de distanciamento entre os governantes e as reais necessidades da população.