Não era tão difícil assim decifrar o silêncio de Marília Arraes sobre o apoio a Luciano Duque no seu projeto de concorrer ao cargo de prefeito nas eleições deste ano. No programa O XIS DA QUESTÃO da Rádio Líder FM, eu disse várias vezes que a decisão de apoiar o projeto de reeleição de Márcia já estava tomada por Marília e que, na minha humilde opinião, pesou para isso as ideias megalomaníacas de Duque de que não devia satisfações a neta de Miguel Arraes quando jurou que poderia sozinho conduzir aproximação com o governo de Raquel.
O Presidente municipal do Solidariedade, Dr. Waldir Tenório, que nunca escondeu a direção que o partido tomaria, anunciou que no próximo sábado (1) Marília virá ao município e concederá entrevista coletiva a imprensa às 8h da manhã, espera-se que apenas para oficializar o apoio a atual prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado. Às 10h já está inclusive marcado um ato público com a presença da prefeita, revelou Waldir.
Não há surpresa nenhuma nestes fatos para quem acompanhava o desenrolar deste imbróglio. A relação entre o ex-prefeito Luciano Duque e Marília foi muito boa durante suas gestões e quando ela era deputada federal, com valores enviados para o município por ela por meio de emendas. Esta boa relação se repetiu na caminhada que fizeram juntos nas eleições estaduais.
Com o resultado das eleições de 2022, com Duque eleito deputado e Marilia derrotada na disputa pelo Palácio do Campos das Princesas, Duque, alguns meses após tomar posse, foi esboçando interesse em se aproximar do governo Raquel, de quem sua aliada é considerada a principal adversária. Mesmo sem nenhuma posição em público dela sobre a conduta do deputado, sabia-se que isso não lhe agradava.
Paralelo a isso vale lembrar que o principal adversário de Duque em Serra Talhada, o ex-deputado Sebastião Oliveira, foi o vice na chapa de Marilia derrotada por Raquel, e a relação construída na disputa foi se consolidando, graças a fidelidade de Sebá e também a desenvoltura do seu partido especialmente no sertão nas eleições de 2022. Antes mesmo deste desfecho, Duque chegou a creditar a Sebá a suposta interferência para que Marília não lhe desse lhe apoio, mas a verdade é que foi a soma de tudo.
O resumo é que Duque, embora exímio jogador (principalmente quando teve a caneta em seu poder) provavelmente não esperava que Marilia lhe negasse a legenda, assim sendo não mudou de partido, pois se fizesse teria que abrir mão dos dois anos restantes de mandato. Mais tarde, quando aumentaram os rumores de que seria preterido, já havia passado o período para deixar a legenda.
Assim sendo, restou a ele apelar para a boa vontade dela ou mesmo as vãs tentativas de jogar a opinião pública contra ela, a fim de lhe pressionar. Marília não só comandou todo o processo como deixou Duque desmilinguido no processo. A vinda dela no próximo sábado é até um alívio para ele, pois o provável anúncio de apoio a Márcia encerra este calvário que viveu, quando foi deixado falando sozinho.
O provável é que cumpra seus 2 anos de mandato e, já sabe que é persona non grata no ninho do Solidariedade, tão logo abra a janela partidária ele provavelmente se desfilie do partido e migre para alguma legenda ligada a Raquel, concorrendo a reeleição para a Alepe no time adversário de Marília.