A Justiça Eleitoral de Serra Talhada investiga um possível esquema de fraude à cota de gênero envolvendo o partido Solidariedade nas eleições municipais de 2024. A ação, movida pela coligação “Por Amor a Serra Talhada” e o vereador Evandro de Souza Lima, aponta que duas candidatas inscritas pela legenda — Jéssica Bianca e Michele Barros — teriam sido usadas como “candidaturas fictícias” apenas para cumprir a exigência legal de 30% de mulheres na composição da chapa.
Segundo a denúncia, ambas as candidatas não realizaram campanha própria, sequer promoveram suas candidaturas e atuaram diretamente em prol da campanha de Juliana Tenório, esposa do presidente do partido, Waldir Tenório Júnior, que acabou eleita vereadora. Elementos apresentados incluem postagens nas redes sociais, participação exclusiva em eventos da campanha de Juliana e ausência de material de campanha individual.
A acusação destaca ainda o vínculo hierárquico das candidatas com Waldir e Juliana, sendo que Jéssica Bianca era funcionária da clínica administrada pelo casal. A promotoria argumenta que essa relação demonstra a utilização abusiva de poder e desrespeito à legislação eleitoral, podendo levar à cassação dos diplomas de Juliana e de todos os eleitos pela chapa.
O processo, que tramita na 71ª Zona Eleitoral de Serra Talhada, inclui provas documentais e testemunhais. Caso a denúncia seja confirmada, os envolvidos poderão ficar inelegíveis por até oito anos, além de outras sanções previstas em lei.
A cota de gênero, prevista no §3º do art. 10 da Lei nº 9.504/97, visa ampliar a representatividade feminina na política, mas sua implementação ainda enfrenta desafios em várias regiões do país.