O ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara deixou o PSB, partido no qual estava filiado há oito anos. O anúncio foi feito através uma carta de desfiliação entregue à legenda nesta quinta-feira. Internamente, a insatisfação do político com o partido é atribuída à escolha do ex-governador de São Paulo, Márcio França, para ocupar um ministério no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Câmara, que também era vice-presidente nacional do PSB, foi a primeira liderança do PSB a defender uma aliança de seu partido com o petista. Na época, o prefeito do Recife, João Campos, por exemplo, se opunha à aproximação. Nas negociações com Lula por um espaço no governo, o partido priorizou o nome de França, que acabou sendo indicado para assumir a pasta de Portos e Aeroportos, considerada estratégica para o estado de São Paulo.
Em sua carta, o ex-governador agradece nominalmente ao presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e afirma que mesmo não integrando mais a legenda, estará no “mesmo front, defendendo políticas públicas que priorizem os mais vulneráveis e lutando por um Brasil mais justo”. Ele cita ainda sua ida para o partido, a convite do ex-presidente da sigla Eduardo Campos, e seu período à frente do governo de Pernambuco.
“Ingressei no PSB, a convite do governador Eduardo Campos em 2014, para ser candidato ao Governo de Pernambuco. Naquele ano, em 13 de agosto, sofremos todos a perda de nossa maior liderança num trágico acidente aéreo. Eduardo foi um político e gestor público que fez história no Brasil transformando nosso estado para melhor. Nos oito anos seguintes, tive a difícil tarefa de suceder o melhor governador da história. O que já não seria fácil se tornou ainda mais desafiador, com as sucessivas crises enfrentadas pelo país e pelo mundo, a mais grave de todas a pandemia da Covid-19”, diz o texto.
Não há, no entanto, qualquer menção ao filho de Eduardo Campos, atual prefeito de Recife. Interlocutores apontam o jovem político como um dos responsáveis pelas negociações que deixaram Câmara sem um ministério.
Fora da legenda, Câmara segue com as negociações para ocupar um cargo no segundo escalão do governo de Lula. Ele, que chegou a integrar o grupo técnico de transparência, integridade e controle da equipe de transição, é cotado para assumir a presidência do Banco do Nordeste, cargo que exige uma quarentena de no mínimo 30 dias de cargos de direção partidária.