CategoriasPolítica

Entre cargos e chantagens: a conta salgada da governabilidade de Lula

Mais do que uma disputa por cargos ou indicações, a movimentação de Davi Alcolumbre escancara a fragilidade política de Lula frente ao Congresso Nacional. O presidente, mesmo em seu terceiro mandato, parece cada vez mais refém de acordos que limitam sua autonomia. Para evitar o avanço da anistia do 8 de Janeiro no Senado, Lula se agarra à promessa de Alcolumbre, mas o custo vem alto: ministérios, estatais e agências reguladoras estão sendo cobrados como moeda de troca.

A situação revela um Lula acuado, sem força suficiente para bancar suas próprias escolhas. A permanência do ministro Alexandre Silveira, hoje tido como da “cota pessoal” de Lula, virou alvo da fatura imposta por Alcolumbre — que, por sua vez, usa sua influência para colocar aliados em cargos estratégicos e cumprir promessas feitas a outros senadores. O governo se equilibra sobre compromissos assumidos por terceiros, enquanto a base aliada parece cada vez mais movida por interesses individuais do que por alinhamento político-ideológico.

Com pouca margem de manobra, o Planalto assiste ao Congresso ditar o ritmo e os termos da governabilidade. A influência de Alcolumbre, que já havia plantado nomes na Esplanada antes mesmo de reassumir o comando do Senado, revela uma inversão de forças: não é o governo que pauta o Congresso, mas sim o contrário. Lula, que um dia foi o grande articulador, agora depende do apoio de líderes que cobram alto para mantê-lo de pé, numa relação de dependência que o enfraquece diante da opinião pública e dos próprios aliados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *